terça-feira, 26 de maio de 2015

Origens - 3.1 - Club de Regatas Vasco da Gama: o Almirante Vasco da Gama

Em maio de 1453, sob o comando do sultão Maomé II, o Império Otomano conquistou a capital bizantina - Constantinopla (atual Istambul, capital da Turquia), do Império Romano do Oriente. A chamada "Queda de Constantinopla" marcou o fim da Idade Média na Europa, decretando o fim definitivo do outrora poderoso Império Romano.

Localizada no estreito de Bósforo, Constantinopla era uma das cidades mais importantes do mundo pois funcionava como ponte para todas as rotas comerciais entre a Europa e a Ásia. Com a cidade dominada pelos muçulmanos, esta rota comercial foi interrompida: nem por terra e nem por mar as nações cristãs da Europa conseguiam ter acesso às rotas que levavam à Índia e à China, de onde principalmente provinham as especiarias usadas para conservação de alimentos.

Maomé II entrando em Constantinopla com seu exército.

Diante do quadro geopolítico da época, as nações ibéricas (Portugal e Espanha), aproveitando-se de suas privilegiadas posições geográficas junto ao Oceano Atlântico e à África, desenvolveram intensos investimentos em conhecimentos marítimos e em construção naval, com objetivo de descobrirem rotas alternativas (ao redor do continente africano ou até pelo ocidente) iniciando a era das Grandes Navegações, vindo assim a se tornarem no século XVI os mais poderosos países do mundo, estabelecendo assim uma nova ordem mundial.

Várias expedições foram enviadas ao longo da costa africana - rota na qual os portugueses acreditavam ser possível contornar o extremo sul da África e finalmente chegar às Índias. A primeira proeza foi realizada em 1488 pelo navegador Bartolomeu Dias que conseguiu atingir o Cabo das Tormentas (depois rebatizado pelo rei D. João II de Portugal, de Cabo da Boa Esperança), local que acreditavam os navegadores portugueses ser o extremo sul do continente africano (na verdade o ponto mais meridional da África é o Cabo das Agulhas).

Também foram feitas expedições por terra, suportando a teoria de que a Índia era acessível por mar, ao se contornar a África a partir do Oceano Atlântico. Pero da Covilhã e Afonso de Paiva foram enviados pelo rei D. João II, via Barcelona, Nápoles e Rodes até Alexandria, porta para Aden, Ormuz e a Índia.

Faltava então alguém comprovar a ligação entre os achados de Bartolomeu Dias e os de Pero da Covilhã e Afonso de Paiva para restabelecer a rota comercial com o Oriente.

A tarefa foi inicialmente delegada por D. João II a Estêvão da Gama, mas devido à morte de ambos, o novo rei D. Manuel I entregou o comando da expedição à Vasco da Gama (filho de Estêvão da Gama), devido ao seu desempenho excepcional na proteção dos interesses comerciais de Portugal frente às depredações de franceses na costa africana. 


Vasco da Gama

Sob seu comando, partiu de Lisboa em julho de 1497, uma frota composta por quatro naus (São Gabriel, São Rafael, São Miguel e Bérrio) rumo à Índia, onde finalmente chegou em 20 de maio de 1498, aportando na cidade de Calecute.

As negociações com o governante local, o samorim Samutiri Manavikraman Rajá, fora difíceis, pois os locais julgaram de baixo valor as mercadorias oferecidas em troca pelos portugueses. Mas por fim, o samorim se mostrou agradado com as cartas enviadas por D. Manuel I e Vasco da Gama conseguiu obter uma carta de concessão de direitos para comercializar.

Iniciou seu regresso à Portugal em agosto de 1498, chegando em Lisboa apenas em setembro de 1499, com apenas duas das quatro embarcações que zarparam dois anos antes, e com 55 sobreviventes dos 148 que iniciaram a viagem.

No seu retorno, foi reconhecido como o homem que conseguira concluir um projeto de oitenta anos da nação portuguesa: estava descoberto o caminho das Índias. Foi recompensado recebendo o título de "Almirante-Mor dos Mares das Índias", sendo-lhe concedida uma renda de 300 mil réis anuais, que passaria para os filhos que viesse a ter. Recebeu ainda o título perpétuo de Dom e duas vilas (Sines, onde nascera e Vila Nova de Milfontes).

Zarpou novamente rumo à Índia em fevereiro de 1502, no comando de uma frota de 20 navios de guerra, com objetivo de fazer valer os interesses comerciais portugueses no Oriente, cargo para o qual fora convidado depois da recusa de Pedro Álvares Cabral.

Retornou à Portugal em 1513, retirando-se em Évora, apesar do prestígio que gozava junto ao rei. Em 1519 foi feito Conde de Vidigueira pelo rei D. Manuel I, tornando-se o primeiro Conde português sem sangue real.

Com sua fama de "solucionador" de problemas nas Índias, foi convocado mais uma vez pelo rei e enviado em 1524 para o Oriente com objetivo de substituir o vice-rei Duarte de Meneses que vinha governando de maneira desastrosa.

Vasco da Gama contraiu malária pouco depois de chegar a Goa, onde atuou com rigidez e impôs a ordem no vice-reino. Faleceu em 24 de dezembro de 1524 na cidade de Cochin, vítima das complicações da malária.

Seus restos mortais se encontram hoje em Lisboa no Mosteiro dos Jerónimos.

Túmulo de Vasco da Gama no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa.
Quatrocentos anos depois de seu maior feito, numa cidade localizada em um país descoberto por seu conterrâneo Pedro Álvares Cabral, surgiria um clube de remo em sua homenagem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário